Residência artística do grupo Eat Grass no Ramdam em Lyon - Laboratory Speakswithadog

Em outubro de 2011 o Laboratório Eat Grass entrará em residência artística no centro Ramdam para pesquisas pluridsciplinares sobre o corpo e a cena. Integram o laboratório, profissionais das artes cênicas vindos da França, da Bélgica, da Grécia, da Finlândia, dos Estados Unidos e do Brasil. O trabalho está sob a direção da artista americana Diane Broman criadora do SpeakswithaDog - an approach not a company - e dirigente desde 1987 da associação MOPA. Eat Grass surgiu em 2009 com a intervenção de Broman na formação de L’interprete a l’ auteur do centro coreográfico nacional Maguy Marin. Foram realizadas intensas experimentações que iriam se desdobrar em 2010 no projeto The Waves que ficou em residência artística no studio Hybrid da companhia Bud Blumenthal, em Bruxelas. Neste último encontro, persquisas coreográficas em laboratório foram compartilhadas com o público, levando Eat Grass a uma nova etapa de produção e mobilização intercultural.

Situado nos aredores da cidade de Lyon, na França, Ramdam é um espaço de criação, pesquisa e performance, atuante desde 1997. A instituição é gerida por um coletivo e associação de artistas, e é propriedade de Maguy Marin, umas das mais importantes coreógrafas francesas. Lyon é polo internacional da dança, é a cidade sede da famosa Biennal de la Danse, sede do segundo Centro Nacional da Dança na França, além de abrigar renomadas companhias.

O projeto The Waves parte da idéia de intimidade e proximidade com o público, detalhes de tons de encenação, de movimento, de som, de estado, de interação. Como utilizar espaços cênicos tradicionais, de maneira contrária a aquele habitual de se projetar a voz ou o movimento?
Procuramos um tom de encenação oposto a projeção convencional. Não vemos o trabalho do artista de maneira hierárquica e piramidal, isto é: primeiramente as pesquisas, em seguida os ensaios e por último as apresentações onde o objetivo é reproduzir todas as noites o mesmo espetáculo. Na concepção do laboratório Eat Grass, cada experiência ou produto artístico tem sua própria coerência. Nossa proposta é de compartilhar com o público nosso campo de pesquisa e todos os riscos implicados. Para isto trabalhamos a partir de elementos rigorosos e específicos.
A obra The Waves da escritora Virgínia Woolf inspira nosso trabalho que é afetado por impressões subjetivas que o livro nos provoca. O título Eat Grass vem de um trecho do livro que diz:  "I shall eat grass and die in a ditch". Estamos inspirados por uma atmosfera literária sem no entanto existir nenhuma relação racional entre o processo criativo e o livro.

A matéria que desenvolvemos emerge da interação entre restrições precisas em oposição a idéia de liberdade ao interior de cada quadro definido. Toda proposta cênica deve então se submeter a um processo de tentativas e erros. Quais definições de restrições focalizarão a atenção do público sobre o que, segundo nós, deve ser visto?


Além do trabalho investigativo em torno da arte contemporânea, o grupo discute estratégias de produções que se dêem a partir de intercâmbios culturais. Sob a ótica da colaboração, o laboratório funciona a medida em que cada integrante contribui com suas experiências artísticas e culturais, criando-se assim, diálogos entre diferentes linguagens contemporâneas. Busca-se criar um espaço de investigação poética proporcionando uma cartografia compartilhada dos países, das dinâmicas sociais, das alianças e das práticas artísticas.

Direção da residência e dirigente da Associação MOPA: Diane Broman

Artistas intérpretes-criadores: Carolina Pedalino, Claire Camus, Daphné Koutsafi, Eleni Pierides, Guillaume Passos, Jacqueline Cousineau, Lucie Paquet, Marie-Emilie Hauzeur, Mayalen Otondo, Quentin Gibelin, Alice Masson, Ema Tricard e Flora Detraz.

Administração Centro Ramdam: Simon Dijoud e Marion Grange.